sábado, 5 de novembro de 2011

Eu duvido

Existe fé porque existe a dúvida. Não é possível uma existir sem a outra. Somos chamados a viver pela fé (Hc 2.4) e não em dúvida. Mas a dúvida nos persegue porque Deus simplesmente não faz questão de se revelar além do que já se revelou. Como também diz o não revelado autor da Carta aos Hebreus: “há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas...”. Deus se manifestou através dos profetas, que na maioria dos casos não tinham muitos seguidores. Algumas vezes este profetas, sendo vistos pelos fiéis da época pareciam ser incrédulos, frios ou loucos. Depois veio Jesus e o autor da Carta aos Hebreus continua: “mas nestes últimos tempos falou-nos por meio de  Filho, a quem constitutiu herdeiro  de todas as coisas e por meio de quem fez o universo”. Quem era Jesus? Um jovem, muito jovem por sinal. Rejeitado pela religião, aceito pelos pobres e por aqueles que tinham dúvida da sua própria fé. Nicodemos (João 3) tinha dúvidas; Pedro tinha dúvidas (Mateus 14.30,31; João 18.27); Tomé é o nosso exemplo de dúvidas (João 20.25) e muitos outros duvidaram mesmo tendo estado com Jesus (Mateus 28.17). Jesus andava no meio de duvidosos e os convidou a serem Seus discípulos.
          Não existiria fé se não existisse a dúvida, a desconfiança. É por isso que Deus não se revela além do que já se revelou: através da criação, dos profetas e de Jesus. Eu não espero por uma grande manifestação de Deus neste mundo (exceto a volta visível do Senhor Jesus) porque a grande, última e suficiente manisfestação de Deus foi Jesus Cristo, filho da virgem Maria, nascido em Belém da Judéia, concebido pelo Espírito Santo, condenado pelo que não fez, morto na cruz, e depois ressuscitado dos mortos. Depois disso Ele enviou o Espírito Santo que deu poder e dirige a igreja.
          Se hoje pudéssemos ver Deus, conversar com Ele, ouví-lo pelos ouvidos da carne, e ver milagres todos os dias, a nossa fé não aumentaria, ao contrário, diminuiria, e muito. Não seríamos chamados ao sacrifício (Rm 12.1,2), não aprenderíamos o que é a paciência, a dor, o medo e a espera, coisas que nos aperfeiçoam para nos tornar-mos ainda mais imagem e semelhança do Criador.
          Servimos a Deus, O vemos, conversamos em oração, tudo sem vê-lo, e a grande maioria das vezes sem sentí-lo. As vezes até mesmo Deus parece distante, não responde ao nosso clamor. Tudo isso é graça Dele para que tenhamos fé. Porque Deus se agrada daqueles que o servem pela fé e em espírito e em verdade. “A fé é a certeza daquilo que esperamos e a pova das coisas que não vemos” (Hebreus 11.1)